sexta-feira, 11 de abril de 2008

- Crônica da Tv Audiência

Ae Rafa ... esta também é pra você!

Muito se falava sobre a guerra dos sexos, conflitos estes, da disputa do poder, da independência, dos direitos igualitários, e até dos salários mais justos entre homens e mulheres, mas que de guerra do sexo mesmo, agora no singular, não tinha nada, ah se tivesse, ô guerra boa... Já imaginou aquela estagiária gostosa que senta ao seu lado guerreando com sua mulher para te ter ao invés de guerrear com seu chefe para ter também, mas não o seu sexo e sim o seu cargo?

Hoje os tempos mudaram, no que mais se fala agora é sobre a guerra da audiência, que indiretamente é a mesma guerra, de um lado, num canal, o jornalista sério e engravatado reportando uma notícia idônea, já do outro lado, num outro canal e muito mais profundo, uma bunda dançante, num zoom óptico de tela cheia, batendo com picos, de audiência é claro, no jornalista inerte, sentado e incapaz do apelo que mais se vende, o sexo.

Melhor então seria se a Fátima apresentasse o Jornal de topless, mas aí a guerra seria comercial, quem é que compraria os produtos do mega traficante Juan Carlos Abadia se a notícia se perderia? Afinal o mais interessante seria ver os peitos da Bernardes e o canal seria trocado assim que o VT do Abadia entrasse !!

A caminho da liderança, aquela que está um estágio abaixo e ironicamente dois acima daquela que por ética não tem uma jornalista de topless, exibe "Caminhos do Coração", engana-se quem realmente pensa que o caminho é este, ao coração não se chega com uma dramaturgia barata de seres humanos mutantes que se transformam em lobisomens, e para a liderança, muito menos com câmeras balançando geral o supra-sumo do bagaço da população, enfim, no mesmo horário, outro coração pulsa num ritmo mais acelerado, quase enfartando de desgosto o telespectador inteligente. No circo, alguns dos palhaços, sem ter o que fazer, fazem fofoca o dia todo, outros se transformam em peões de rodeio dando coices e esporadas alheias com medo de cair antes dos oito segundos e deixar a espiga do "milhão" escorregar, e outros ainda parecem os próprios toureiros estendendo o pano vermelho na frente dos chifres para provocar confusão. Mediante tanta futilidade, concluímos que quem sempre ganha é quem tem mais bala na agulha, quem tem poder de propaganda para infiltrar na veia que o banal é útil, ou então quem tiver peito, não siliconado, para criar um conteúdo interessante que não balance ou se transforme em lobisomem.

Nos tempos de hoje ainda prefiro e acredito que o mais saudável é voltar à década de cinqüenta, desligar o televisor às 22h quando a programação se encerrava, ir ler um livro, deitar na cama, convidar a quem ama, fazer o próprio reality show e chegar até o coração com algumas balançadas ao toque de algumas pitadas de romantismo e prazer.

por Ronaldo Denardo
09/04/2008
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quinta-feira, 3 de abril de 2008

- A Gafe do Palácio dos Bandeirantes

Ando bastante cansado e sem muita inspiração para escrever, mas a postagem a seguir é praticamente obrigatória, e antes que ela se torne saudosista, ao deleite do som de Silverchair como "backsound", lá vai ...

Como nem tudo na vida são flores e nem neste blog deve ser, sem ter a vergonha de publicar minha maior "gafe" jornalística de todos os tempos e de toda minha carreira, descrevo a grande merda reportada há exatamente uma semana, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, aos vinte e sete dias do mês de março de 2008, por volta das 17h (minuciosamente registrado para não ser esquecido), onde acontecia a posse da Dra. Linamara Batisttella à Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Aos "45 do segundo tempo" fui convocado pela minha direção de Tv a cobrir o evento e produzir uma matéria com a reportagem da posse. Desnorteado com a convocação de última hora, "P" da vida com a notícia atribuída e a que fui delegado, pois odeio cobrir eventos e fatos políticos, me mandei para o Palácio para ver no que ia dar e cumprir minha obrigação.

Bom, vamos aos fatos... algumas autoridades presentes, em meio a muita gente e muita confusão, consegui uma entrevista EXCLUSIVA com nosso chefe de Estado, o governador José Serra (há privilégios que só uma cadeira de rodas é capaz de proporcionar e não me nego a aproveitar), foi aí que a cagada estava estabelecida.

Como de praxe, me apresentei, apresentei meu veículo e canal de comunicação, expressei minha pretensão, recebi o alvará verbal de entrevista e pronto, mandei a primeira pergunta:
- Governador, realmente a indicada à posse da secretaria é a melhor indicação? Por quê ?

Categoricamente ele respondeu que sim, explicou a indicação, com palavras provou o gabarito da secretária e por fim ainda deu algumas menções do que ela poderia exercer. Esperei-o concluir gesticulando positivamente com a cabeça. Minha mente já trabalhava para a próxima pergunta. Pronto, lá estava eu de novo cara a cara com o Bart e estupidamente, foi:
- Governador, a Dra. Linamara dará continuidade aos projetos da gestão anterior?

Um silêncio permaneceu por alguns instantes e ele, apático, respondeu:
- Como assim? Que gestão anterior?

Naquele momento eu percebi que alguma merda eu tinha feito, subiu um calor de 40° dos pés à cabeça. Não sabia onde me esconder, onde enfiar a cara, mas sem perder a pose e com a certa convicção que todo repórter deve ter, retruquei:
- Como assim o quê? Como assim, como assim? Da gestão anterior ué, da Mara, darão seqüência aos antigos projetos?

Eis que aí, mediante tamanha orelhada do repórter, sem me destratar, ele respondeu:
- Mas não existe gestão anterior...esta secretaria acaba de ser criada!

E eu...
- Ah, tudo bem então, obrigado, era isto que eu queria, estou satisfeito com sua entrevista, obrigado.

Caraaaaaaaaaaaca, o que é que é isso? O que é que eu fiz?

Minha nossa, nunca havia falado uma merda tão grande em toda minha vida! Merda não, aquilo mais parecia uma bomba atômica feita de cocô desovado após 15 dias de obstipação.

Tudo bem que estes caras todo dia criam uma nova secretaria, um novo cargo, um novo ministério e blá-blá-blá. Todos como estes títulos enormes, quase todos iguais e que não servem para nada, mas até aí, eu falar uma bobagem deste tamanho já é outra história, no mínimo eu deveria ter lido melhor o release de imprensa e prestado mais atenção no trabalho a desenvolver, porém também confesso que é um saco e bastante difícil você fazer o que não gosta, o que não está predisposto.

Confesso que ainda não superei o trauma e minha memória neste momento é minha pior inimiga, mas nada melhor que o bom e velho tempo...

Bom, além de acreditar no meu aliado tempo, o que me conforta é o atenuante de que sou ser humano e essa é só a primeira em mais de cinco anos na profissão!

Elbert Hubbard, já dizia:
"Para evitar críticas, não faça nada, não diga nada, não seja nada."
Cheers!
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